sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Merkel anda às compras nos saldos


O Governo alemão veio ajudar a E-On, o maior fornecedor de electricidade do paísa assegurar uma posição na Energias de Portugal, que o Governo em Lisboa está a leiloar como parte das reformas provocadas pela crise da dívida.

Angela Merkel, chanceler alemã, procurou realçar os benefícios da oferta da E-On pela participação de 21% de Lisboa na EDP numa conversa recente com Passos Coelho, o Primeiro Ministro português
Financial Times
Quem diria...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

De um lado insultos, de outro reconciliação?

um fraco
Cohen-Bendit
Se não estás pronto para cumprir as regras é melhor ficares com a boca calada
Elmar Brok
Depois de muito atacado no Parlamento Europeu, acusado de ser "um fraco", de ser "pouco construtivo", que deixá-lo entrar na UE foi "um erro", que "se não vai à mesa para negociar vai lá para ser comido", etc, eis que chega Angela Merkel!
Também acredito que é um parceiro important na União Europeia... A Grã-Bretanha tem o seu próprio interesse vital que a zona Euro ultrapasse a sua crise financeira
Merkel
Oh, quem diria! Angela Merkel preocupada com a saída do Reino Unido! Nada de pescas no Mar do Norte? Nada de petróleo? Nada de ter a sua companhia eléctrica a operar lá (a E-On, concorrente à privatização da EDP)? Se calhar o défice comercial do Reino Unido com a União Europeia? Ou apenas o receio de ter de pagar mais com a saída do segundo maior contribuidor?

P.S.: Noto a correspondência enviada de Malta à BBC: «concorda e congratula o Sr Cameron por "fazer aquilo que está certp para todos os povos europeus, não como o fantonche do nosso Primeiro-Ministro de Malta. A Grã-Bretanha não precisa da Europa tal como não precisou durante séculos.»

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quem parte, reparte e não fica com a melhor parte

... culpa os outros.

O Reino Unido, em troca do seu acordo, pediu por um protocolo específico nos serviços financeiros que, como apresentado, era um risco para a integridade do Mercado Interno. Isto tornou o compromisso impossível.
Durão Barroso

Estas foram as exigências inaceitáveis
Basicamente, assegurar o processo de decisão por unanimidade no Conselho em vários aspectos, e como a proposta de protocolo faz questão em referir, em nada belisca o euro ou a estabilidade da moeda única.
A única ameaça para a estabilidade da moeda única estava no próprio acordo, como já se viu várias vezes neste blogue.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A lógica dita que...

Segundo Stephen Collins, do Irish Times, dita que nós [a Irlanda] apoie o novo acordo europeu.

O artigo resume-se facilmente: diz-se que se a Irlanda não ficar no euro, que ficará dependente do Reino Unido («A única alternativa que teríamos a abandonar o euro seria tentar fixar a moeda irlandesa à libra. Seria o equivalente a uma candidatura à junção com o Reino Unido no 90º aniversário do tratado que levou ao establecimento deste Estado [Irlanda]»), que o euro serviu os interesses da Irlanda («Não só o euro nos serviu bem como estamos totalmente dependentes das instituições europeias e do IMF para financiamento»), etc. Tudo isto mentira, mas vou realçar outro ponto antes de passar à parte mais relevante desta mensagem:
Contudo, estar envolvido na Europa desde 1973 deu a este Estado a "liberdade para alcançar a liberdade" a que Michael Collins apirava em Dezembro de 1921. Indo em direcção a uma cada vez maior união fiscal irá aumentar, em vez de diminuir, a nossa liberdade em termos reais.
O assunto é a perda de soberania orçamental. E este colunista do Irish Times acha que a Irlanda e os Irlandeses terão mais liberdade. Enfim, há quem viva num mundo de duendes alemães.

Mas o mais interessante está nos comentários ao artigo:
mikehall
Não, se algo, é inteiramente ilógico. "Balanço Sectorial" Stephen, já ouviste falar disso? (...)

Se todos os Estados do euro tentam manter orçamentos superavitários, ou pelo menos orçamentos equilibrados, então a única maneira de os activos financeiros (dinheiro) do sector privado (cidadãos) poder aumentar é se todos nós, colectivamente, exportarmos em massa para fora da zona euro, recebendo dinheiro (euros) como pagamento. (...) O grosso do nosso comércio actualmente está na zona euro, então, colectivamente, teríamos de exportar para fora da zona euro por 10 ou 20 vezes. Alguém acha, remotamente, que isso vai acontecer, mesmo em circunstâncias "normais", esquecendo um longo período de recessão global? (...)

Por isso, o efeito deste "pacto" ridículo", seguidor da falha fundamental do erradamente denominado "Pacto de Estabilidade e Crescimento" do sistema euro que é co-responsável pela crise, será que os países enterrados em dívidas não terão a menor possibilidade de reduzir a dívida ou os juros. (...)

União monetária requer uma união fiscal funcional para funcionar. Isto significa que, de alguma maneira, tem de haver um mecanismo de transferência fiscal dos países mais fortes (não podemos todos ser altamente industrializados) para os países mais fracos. Até agora, o que nós fizemos foram transferências por via da dívida. Mas, como vemos, isso não pode continuar indefinidamente. Por esta razão, independentemente do comportamente arriscado dos bancos, a presente crise de balanço do euro estava condenada a acontecer. O acordo de ontem só torna uma crise no futuro ainda mais certa! Por favor, podemos ter algum comentário económico que obedeça às leis da matemática?

Em relação à Cimeira... encontro... seja lá o que for

Uma entrevista na BBC Radio 4 apresenta uma perspectiva britânica, na minha opinião, de uma lucidez que tem faltado à Europa. Terry Smith é o entrevistado, CEO na City (centro financeiro de Londres).

JUSTIN WEBB: Assuma por um segundo que eles realmente se entendem, que fazem aquilo que têm estado a dizer que fazem nas últimas horas, há um argumento, não é verdade, que isto é só o remédio errado, se estão a fazer as coisas erradas.
TERRY SMITH: É verdade. Eu penso que é. Quer dizer, porque o que vai sair se resume a controlo central e mais austeridade para aqueles países. Eu não acho que se possa curar a sua posição com mais austeridade. A Grécia não pode tornar-se mais competitiva, nas suas maiores indústrias como o turismo e a agricultura, enquanto está numa moeda fortalecida pela presença da Alemanha. Nem a Itália, certamente o sul da Itália, Espanha, Portugal, Irlanda e França. Na minha perspectiva, uma moeda única para todos estes países é equivocada.

O meu destaque:
TERRY SMITH: O que é que eu concluo? Não estou certo de que isto deixe o Reino Unido isolado, ainda somos membros da Comunidade Europeia. Mas se nós estamos isolados, podemos bem estar isolados como alguém que se recusou entrar no Titanic antes de este partir

Duas ou três coisas

Duas ou três coisas é o blogue do embaixador português na França. Aproveito aqui para destacar um excerto da sua última mensagem no dito blogue:

Sei do que falo, porque, durante mais de meia década, passei longas horas na Assembleia da República a apresentar a política europeia que era encarregado de defender, sendo regularmente confrontado, no jogo democrático interno, com posturas críticas do modo como então a dirigíamos.
duas ou três coisas

«A política europeia que era encarregado de defender.» Eu cuidei que o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que os nossos embaixadores e cônsules estavam espalhados em vários pontos em redor do globo para proteger os nossos interesses, não para vir a Portugal apoiar o projecto europeu e, nas embaixadas, possivelmente, negociar com uma orientação pró-União Europeia.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Der Spiegel e a posição britânica

Não é, afinal de contas, verdade que os Britânicos têm sido a mosca na sopa Europeia há já algum tempo?
Der Spiegel
A mosca na sopa... Que rica mosca que contribuiu com 57 mil milhões de euros líquidos para o actual orçamento comunitário.

Quiseram estar sempre lá, ter uma palavra a dizer e manejar a sua influência. Mas quando foi a altura de realmente mergulhar na Europa juntando-se ao Euro a resposta foi: "Nada de euro por favor, somos Britânicos!"
Der Spiegel
Queriam ter uma palavra a dizer? Malvados!! Manejar a sua influência? Quanta perfídia! Recusaram juntar-se ao euro? Que ultraje! Quem diria que há países que querem ter uma palavra a dizer, alguma influência nas decisões que o vão afectar.

De facto, é revelador que o país nunca tenha entrado na zona de viagem livre sem fronteiras conhecida como Espaço Schengen -- O Reino Unido ainda inspecciona toda a gente que entra no país vindo do outro lado do Canal
Der Spiegel
Revelador, sem dúvida. De bom senso.

A classe política foi também muito céptica em relação à moeda única desde o seu início.
Der Spiegel
Viu-se, e vê-se, quem tinha razão.

A zona euro de 17 Estados membros não será mais forçada a acomodar um país que rejeita tudo o que lhe cheire como supra-nacionalismo.
Der Spiegel
Nem sei o que diga a isto... Primeiro fala-se nas "teorias da conspiração sobre a construção de super-estados", depois admitem a construção de supra-nacionalismo na União Europeia e indignam-se por haver quem não queira associar-se.

A Europa pode funcionar muito bem sem os Britânicos
Der Spiegel
E os Britânicos podem funcionar muito bem sem a União Europeia. Tanto melhor para eles!

Cada vez mais países se encontrarão a pedir mais orientação da Alemanha em vez de menos.
Der Spiegel
Alguém na edição do Der Spiegel andou a beber demasiada cerveja... Será que não estão a olhar para o que se passa na Europa e para o qual os políticos alemães contribuíram?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tecnocracia? Só se for de tachos!

Mais uma adivinha: quem consegue adivinhar quantos ministros e vice-ministros tem o Governo de Papademos?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Andam assustados

Andam mesmo assustados.

Barroso quer que se garanta a "irreversibilidade do euro".
Lanço um apelo aos chefes de Estado e de Governo: devemos fazer tudo para garantir a irreversibilidade do euro
Barroso

Não sei porque é que o Sarkozy se preocupa. Não é o tacho dele que está em risco (ou será que já estará a cozinhar alguma posição para a reforma?)
Nunca tantos países quiseram juntar-se à Europa. Nunca o risco de uma desintegração da Europa foi tão grande. A Europa está a enfrentar uma situação extraordinariamente perigosa.
Sarkozy

A Merkel foi só hipócrita.
Ela [Merkel] disse que todos os 27 Estados membros da União Europeia têm um dever para com a Europa, e têm de trabalhar juntos para ultrapassar a crise da zona euro.
Egos e interesses nacionais têm de ser postos de lado, acrescentou
Merkel

A razão de tanto estardalhaço não foi, ao contrário do que os últimos meses puderam fazer crer, o facto de o Sol ter nascido. Foi uma reunião de líderes do Partido Popular Europeu, um partido pró-União Europeia no Parlamento Europeu, mas agora já nem tanto nos Parlamentos nacionais

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Custo-benefício

Custo da regulação comunitária: 600 mil milhões
Benefício do Mercado Único: 120 mil milhões

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Até a ministra do Trabalho chora

Mario Monti, considerou que o país corria o risco de viver uma crise económica semelhante à da Grécia se não decidisse tomar estas medidas de austeridade.
Público

Creio que a sua Ministra do Trabalho deixou claro que discorda, ao apresentar o programa de austeridade de 20 mil milhões de euros:

Entretanto, na terra dos loucos

A Alemanha e a França querem concluir até Março “um novo tratado” entre os 27 Estados da União Europeia (UE) ou, se não for possível, entre os 17 membros do euro
Começa bem, não é?
Implementa sanções imediatas aos países que passarem dos 3% de défice, mais controlo sobre os orçamentos, etc. Já aqui vimos tudo isso.
O novo tratado deverá prever “sanções imediatas em caso de não respeito da regra do défice [orçamental] inferior a 3%” do PIB, afirmou o presidente francês na conferência de imprensa final ao lado da chanceler.

“O nosso objectivo é que, em Março, a totalidade do acordo tenha sido negociada e concluída entre os 17 membros da zona euro porque temos de avançar depressa”, prosseguiu, esclaracendo que as ratificações terão lugar depois das eleições presidenciais e legislativas em França, em Abril.
Público
Atenção que se diz que se não for possível, deve-se avançar para um acordo a 17. Itso porque no Reino Unido (e quiçá noutros países) o Governo está a ser muito pressionado para rever a sua posição na União Europeia.

Mas fica melhor:
O que não vem na imprensa em linha, é como é que se quer fazer isso: via um artigo nos Tratados que lhes permite fazer mudanças sem levar a coisa aos Parlamentos nacionais.

Pois, é assim que a democracia funciona na União Europeia...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lembram-se do Fundo de Estabilidade?

Aquele que ia ser aumentado para um milhão de milhão mas sem haver dinheiro?

The European Bailout Explained
by: guardianoid


Falou-se inclusive de mendigar à China, que não se quis meter. Pediu-se o apoio do FMI, mas os Estados Unidos não quiseram lá meter dinheiro quando têm os seus próprios problemas.

Pois é, ainda não desistiram da ideia de aumentar o fundo:
Os ministros das Finanças da zona euro estão a reunir-se em Bruxelas para discutir formas de alargar o fundo de resgate da região, visto como a chave para impedir mais países de serem sugados para a crise da dívida.
BBC

Se algum daqueles 'tecnocratas' já tivesse a solução, será que teriam reclamado os 400 000€ de prémio oferecidos por um executivo de uma cadeia de retalho europeia?
Ah, é que o prémio vai para o melhor plano para deixar os países voltar às suas moedas.

domingo, 27 de novembro de 2011

O maior sucesso do euro é a Grécia

Pelo menos era o que o senhor Monti, na semana antes de ter sido indigitado, pensava:


Em primeiro lugar, devo dizer que estava enganado. É que se formos ler uns panfletos, olhar uns cartazes sobre o euro, da altura em que se deu a sua introdução, falava-se de estabilidade, crescimento, prosperidade (nenhuma delas parece ter acontecido), não de provar alguma coisa à Alemanha.

Não posso deixar de concordar com o Sr. Mario Monti num aspecto: não é um paradoxo. É um oxímoro. Suponho que o próprio Mario Monti, quando o disse, tivesse uma consciência -ainda que limitada- do disparate que estava prestes a dizer.

A minha pergunta, agora que o FMI até já tem plano para a Itália, é a seguinte:
Qual é o próximo exemplo de sucesso do euro?

Tecnocracia não é a solução e Berlusconi não era o problema

Os juros da dívida de Espanha e de Itália escalaram para novos máximos, estando as obrigações italianas a cinco e a dois anos já próximas dos 8%.
No dia em que Itália quase duplicou as taxas de juro pagas numa emissão de dívida da curto prazo, para 6,5% numa emissão a seis meses, os investidores voltaram a exigir juros recorde pelas transacções nos mercados de revenda de dívida.

Qual terá sido a causa? O Público explica:
Isto no dia em que se soube, através do Governo de Itália, que a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, lembraram ontem ao primeiro-ministro italiano, Mario Monti, que um eventual colapso de Itália na zona euro significaria o fim da moeda única.

A decepção sobre os resultados da minicimeira de quinta-feira entre os chefes de Governo da Alemanha, de França e de Itália, foi hoje reflectida no aumento do custo do financiamento tanto de Itália como de Espanha.

Depois de alguma imprensa ter vindo culpar Berlusconi pela subida dos juros, e do Merkozy ter publicamente duvidado de Berlusconi, parece que afinal, não era a descrença no ex-Primeiro Ministro Italiano que assustava os mercados. De tal modo, que Mario Monti não melhorou nada:
Os mercados parecem ter pouca ou nenhuma confiança no Primeiro-Ministro de Itália, o tecnocrata Mario Monti.
Gavin Hewitt, editor sobre a Europa na BBC

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Hipocrisia alemã

Quem tenha andado com atenção às notícias pôde verificar que a Alemanha não conseguiu vender toda a sua dívida, apesar de o juro para a Alemanha ter baixado. Isto é estranho.

Normalmente, quando um Estado vai vender a sua dívida, submete um dado número de obrigações a leilão. Há várias ofertas que são organizadas por ordem crescente desde a oferta com a taxa de juro mais baixa até todas as obrigações terem sido cobertas.
Na Terça-feira, a Alemanha não vendeu tudo. Numa situação usual, venderia tudo mas pagaria um juro médio mais alto por essa dívida. Mas Terca-feira, o juro foi o mais baixo de sempre num leilão a longo prazo. A Agência Financeira Alemã nega que haja "perda de apetite" pelas bunds.

Chamo a atenção para este pormenor: «O montante retido, cerca de 39% do volume planeado, será leiloado no mercado secundário.» Passo a explicar: esta Agência Governamental alemã, guarda uma porção das obrigações para vender depois no mercado secundário (onde a maior parte das instituições financeiras e investidores compram dívida).

A linha azul é aquilo que o Governo alemão reteve. A linha verde é a média daquilo que o Governo alemão costuma reter (leia-se, não vendeu no mercado primário). Como se poder ver pelo gráfico, o Governo alemão, ontem, reteu muito mais dívida (39%) do que é habitual e do que seria justificável para cumprir os seus objectivos (manter a disponibilidade da dívida alemã no mercado secundário).

William Mitchell, economista australiano explica:
O Governo alemão está a manipular as próprias regras - retirando muito mais para vender no mercado secundário do que aquilo que pode justificar por razões operacionais.

Fizeram isso para:
1. Manter as taxas de juro oficiais baixas.

2. Resgatar-se a ele próprio quando os mercados não estão dispostos a financiá-lo nos seus termos – ou como aconteceu ontem – nem sequer financiar.
William Mitchell

Nota sobre mercados primário e secundário:
Mercado primário é onde se realiza a compra de títulos de dívida directamente ao emissor. No caso alemão, há 33 instituições que podem comprar essas obrigações directamente nos leilões. Depois de comprarem títulos de dívida nos leilões, transaccionam-na nos mercados secundários, que é onde todos os demais investidores, sem restrições, podem comprar esses títulos.

Barroso quer retirar soberania a Portugal

O título do Diário Económico diz tudo.

Portugal vai ficar sob vigilância apertada da Comissão Europeia até meados da próxima década, altura em que se espera, em Bruxelas, que o país tenha pago até 75% do seu empréstimo. Trata-se de uma entre várias novas regras intrusivas de governação económica na zona euro, ontem propostas por Durão Barroso.

Mais concretamente:
"Um Estado-membro será posto em supervisão pós-programa até que um mínimo de 75% da assistência recebida (...) tenha sido devolvido", (...) No caso de Portugal e Irlanda, uma fonte comunitária avisava ontem que "estamos a falar de, no mínimo, mais uma década, ou talvez um pouco mais, até se chegar a esse limite".

Esta vigilância apertada implica uma perda ainda maior de soberania orçamental, com visitas surpresa dos técnicos europeus e relatórios semestrais de missões europeias (Comissão e BCE), sujeitando-se a medidas correctivas. Mas "sem uma governação mais forte será difícil, senão impossível, manter uma moeda única", avisou ontem o presidente da Comissão.

Todos os países serão alvo de um controlo maior no processo de construção orçamental. Bruxelas vai passar interferir não só no enquadramento macroeconómico dos orçamentos, através do relatório de crescimento anual, mas também fazer propostas de alteração antes e depois da sua adopção no Parlamento. Ou seja, poderá propor um orçamento rectificativo, que se não for seguido conduzirá a sanções.
Diário Económico

Se o Barroso queria ser Primeiro-ministro de Portugal, era escusado ter fugido para Bruxelas... é que ser Chanceler da Alemanha não é para todos:
"Eu considero extraordinariamente preocupante e inapropriado que a Comissão proponha hoje a criação de eurobonds"
Merkel

A imprensa extra-Europeia vê esta proposta como estúpida:
O problema é que um país está falido e estão mais no mesmo caminho. A resposta é multar os países que estão a caminho da falência? Recusar-lhes acesso a fundos?

Completo disparate, está claro. Pondo de lado a estupidez de multar um insolvente, estão ainda a objectificar o Estado. A multa viria dos fundos do Estado, mas é óbvio que o Governo não tem de facto fundos nenhuns - só tem aquilo que tirou dos bolsos das pessoas.
Forbes

A conclusão do cronista da Forbes resume tudo muito bem:
Não faz sentido nenhum, pois não? Mas este é o nível do discurso intelectual entre os nossos Mestres e Soberanos na UE de momento: pobres de nós.

domingo, 20 de novembro de 2011

O que é que o blogue diz da Alemanha?

Grande Alemanha.

Memorando alemão denota deslize secreto para um super-estado.
O memorando de seis páginas, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, defende que as grandes potências económicas europeias devem poder intervir na gestão dos países afectados da zona Euro.

O plano confidencial define o plano germânico para enfrentar a crise da dívida da zona euro criando uma "união de estabilidade" que será seguida imediatamente de movimentações "em direcção a uma união política".

O memorando revelado, O Futuro da UE: Melhoramentos necessários na política de integração para a Criação de uma União de Estabilidade, chega quando David Cameron se encontra com Angela Merkel, a chanceler alemã em Berlim, hoje, para discutir possíveis alterações dos tratados e a crise da zona euro.

A Alemanha, a Finlândia, a Áustria e os Países baixos seriam capazes de pedir aos Tribunais da União para impôr sanções, desde multas até à perda da soberania orçamental, para proteger o euro.

O memorando diz que o Fundo Monetário Europeu deve receber "verdadeiros direitos de intervenção" nos orçamentos dos membros da zona euro que receberam resgates da União Europeia-Fundo Monetário Internacional.
The Telegraph

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Quantas personalidades eleitas há no Governo Italiano?

Então? Quem adivinha?

A bem da Directiva

... acabe-se com o euro!
A composição das moedas de um ou dois euros viola a directiva comunitária sobre níveis máximos de níquel, alertava o movimento eurocéptico da Noruega. O correspondente da TSF, Hélder Fernandes, deu no final do ano passado, conta destas preocupações europeias.

As suspeitas foram lançadas por testes médicos realizados na Noruega, Áustria e Alemanha. Os eurocépticos noruegueses afirmavam que as novas moedas europeias contêm 25 por cento de níquel. Desta forma o metal pesado supera os níveis permitidos pela legislação comunitária.

De acordo com a directiva comunitária 94/27 de 30 de Junho de 1994, as moedas que contêm níquel não podem libertar mais do que meia milionésima de grama por centímetro quadrado por semana.

O pior, alertavam os eurocépticos, é que as novas moedas de um e dois euros poderão vir a libertar entre duas e oito vezes mais dos limites de níquel permitidos pela directiva comunitária.
TSF

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Não culpemos os Alemães

Culpemos os seus políticos:

(10min38)
A liderança política deve, num momento de crise, ignorar a opinião pública.
Há dez anos atrás, quando introduzimos o euro, havia uma grande maioria do povo alemão que estava contra a ideia do euro, e fizé-mo-lo como liderança política.
Peter Altmaier é primeiro-secretário (seja lá o que isso for) da CDU (Alemanha) na câmara baixa do Parlamento Federal, já foi membro do grupo de interesse Movimento Europeu - Alemanha e preside a União dos Federalistas Europeus(Alemanha).

Alemanha não quer ouro como colateral

Sinceramente, eu também não quero. Mas vemos ver o que é a Alemanha (leia-se, os políticos alemães) dizem:
"As reservas de ouro alemãs devem continuar intocáveis," Ministro da Economia alemão Philip Roessler
Até aqui, tudo bem. Também não gostaria nada que fossem mexer nas reservas de ouro portuguesas.
Um deputado alemão do partido da Merkel, o Partido Democrata Cristão, disse que enquanto ouro alemão para Roma estava fora de questão, ouro italiano podia ser utilizado.
"Se vendessem o seu ouro, libertariam o Governo da pressão sobre a sua dívida,", disse Gunther Krichbaum, presidente do comité dos Assuntos Europeus no Parlamento Federal Alemão.
EUobserver
Mas isto... No ouro alemão ninguém toca! E no italiano? Esteja à vontade, sirva-se!
Por estas e por outras é que o blogue se chama Gross Deustchland e não Gross Barroso.

Alguém lucrou

Estima-se que a Alemanha tenha lucrado 9 mil milhões de euros com a crise
"Interessantemente, é mais do que o recentemente anunciado alívio fiscal [alemão] de 8 mil milhões para 2013 e 2014. É como se os Gregos financiassem a pequena reforma alemã", acrescentou [Carsten Brzeski, economista sénior no Banco ING]
EUobserver

Mais um lóbi político

Mario Monti, membro do Grupo Spinelli, foi designado Chefe do Governo italiano. Esta é uma boa notícia para o compromisso da Itália para uma mais integrada, mais política e mais federal visão da Europa.
O Grupo Spinelli está satisfeito que um Europeu tão convicto como Mario Monti se tenha tornado Primeiro-Ministro italiano, numa altura em que o país está a enfrentar uma crise especialmente séria.
Do dito grupo
Este é um grupo de pressão política perfeitamente assumido, com artigos na imprensa, com membros mais ou menos influentes, e, pasme-se, organiza o que o próprio grupo chama de Shadow European Council. O seu objectivo é o Federalismo europeu, e não é o único grupo de pressão que faz campanha por esses objectivo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Frankfurt não acaba aqui

À porta fechada, reconhecem que os bancos franceses têm mais dívida italiana do que alguma vez tiveram dívida grega. Christian Noyer, governal do banco central francês, resumiu a opinião das elites francesas, declarando recentemente que as preocupações sobre a Itália se "dissipariam assim que o país tiver os meios políticos para implementar as suas reformas estruturais."

Oficiais franceses têm tentado influenciar tal resultado. Enquanto os juros da dívida italiana subiam na semana passada, o Presidente Nicolas Sarkozy e a Chanceler Angela Merkel da Alemanha instaram em privado o Presidente da Itália, Giorgio Napolitano, para escolher o tecnocrata Sr. Monti, disse um alto oficial do Governo Italiano sob anonimato.
New York Times

Grupo de Frankfurt

Recebi notícia disto ontem, pela imprensa estrangeira. Um tal Grupo de Frankfurt, também conhecido pelo nome francês de Groupe de Francfort é novo, e não têm recebido grande atenção da imprensa portuguesa.

Eis como as coisas funcionam. As verdadeiras decisões a nível europeu são agora tomadas pelo Grupo de Frankfurt, uma cabala não-eleita composta por oito pessoas: Lagarde; Merkel; Sarkozy; Mario Draghi, o novo presidente do BCE; José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia; Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo; Herman van Rompuy, presidente do Conselho Europeu; e Olli Rehn, comissário europeu para os assuntos económicos e monetários.

Este grupo, que não presta contas a ninguém, manda na Europa. A cabala decide se a Grécia deve ou não ser permitida realizar um referendo e se Atenas deve receber a próxima tranche do fundo de resgate. O que interessa para este grupo é o que os mercados financeiros pensam e não o que os eleitores possam pensar. Se os Governos tinham algum poder, foi-lhes retirado e colocado nas mãos da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI.
The Guardian

Que coisa é esta, estarão os leitores a perguntar? Alguma espécie de teoria da conspiração?
Longe disso:
O Grupo de Frankfurt, ou GdF, é a última adição à proliferação de grupos políticos internacionais. Constituído pelos líderes da Alemanha, da França, do Eurogrupo, do BCE, da Comissão Europeia e do FMI. (...) Não tem estrutura legal ou secretariado, mas é agora o núcleo do núcleo da Europa.
The Economist

Os mais críticos apelidam o GdF de ‘politburo’ dada a sua ausência de legitimidade democrática. Atribuem-lhe a decapitação de George Papandreu e a punhalada a Silvio Berlusconi.
Incrível, é que este politburo possa ter defensores:
Os defensores atribuem ao grupo o estatuto de antídoto necessário para acabar com a crise do euro.
El Mundo, via presseurop

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Governo europeu?

Numa intervista com o jornal Le Monde, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, apelou à realização de eleições a nível europeu para eleger o Presidente da Comissão Europeia, que seria o líder de um "Governo Europeu".
The Telegraph

Merkel quer "união política"

Como segundo passo, Merkel e Schäuble querem que a UE se mova para uma união política. Isto implica transferir mais poderes soberanos para a UE - e significaria modificar a Constituição alemã. Isto poderia ser feito através do artigo 23, que requer uma maioria de dois terços no Parlamento federal alemão, o Bundestag, e no Bundesrat, a câmara alta que representa os estados. Uma alternativa mais arriscada seria mudar or artigo 146 da Constituição por via da participação directa da população. Neste cenário, os alemães largariam a sua Lei Fundamental e adoptariam uma Constituição completamente nova.
Der Spiegel

Adenda: os meus contactos na Alemanha comunicam-me que a opinião pública não é muito favorável à perspectiva de "mais poderes para a União". E que é improvável que conseguisse sequer o apoio parlamentar suficiente.

domingo, 13 de novembro de 2011

O falhanço do euro

O que é que sucederia se amanhã, subitamente, os portugueses tivessesm de pagar 120 escudos pela bica matinal, ao invés dos já tradicionais 60 cêntimos? E se, ao almoço, fossem obrigados a desembolsar 1100 escudos em vez dos 5,5€ da ordem? E se à tarde, desavisados, comprassem uma acção do BCP por 22 escudos, em vez dos magros 11 cêntimos do costume? Bom, sucederiam de imediato três coisas: iriam apressar-se a comprar uma máquina calculadora, que numa loja chinesa obteriam por uns meros 1000 escudos, outrar 5 euros - principalmente se alocados nos segmentos mais jovens da população; constatariam que a pressão inflacionista introduzida pela introdução do euro foi afinal uma realidade bem mais alargada que a propagandeada há dez anos por quase todos os economistas; e que as suas vidas estavam a mudar radicalmente, no sentido de um universo desconhecido que voltava a balizar as suas existências financeiras.
Mas, pior que tudo isto, seria a constatação que, mais uma vez, falhámos. Falhámos enquanto sociedade, enquanto modernidade, possivelmente enquanto membro de direito de um clube de países ricos - que afinal, tantos aos depois, constataríamos, de uma forma bruta mas anunciada, não sermos. O sociólogo António Pinto Costa não tem dúvidas sobre esta matéria: "Se Portugal sair do euro, os portugueses assimilarão, sem sombra de dúvida, o falhanço".
Diário Económico, 11-11-2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Dos benefícios de estar na UE



Um ano volvido, esta situação continua especialmente actual.

Deustchland Über Alles

«Lamento que Berlusconi tenha saído não pela via das urnas ou pelo Parlamento, mas por força da super-estrutura que nos governa»
Frei Fernando Ventura, na RTP Informação.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Duplicidades

Lembram-se dos aumentos àquele fundo que iria salvar a zona euro (bem, não ia salvar nada, mas era isso que os líderes europeus diziam).


Pois bem, isso foi o que se disse recentemente. Anteriormente, o Ministro das Finanças Alemão, Wolfgang Schauble, disse que seria uma ideia estúpida por que ia "ameaçar a soberania dos ratings AAA dos Estados membros". E não foi um comentário de café, foi uma réplica à Casa Branca.

E depois vão mendigar dinheiro à China.

Ri-te, ri-te

No ínicio, os italianos não ficaram satisfeitos com o sorriso da Merkel e do Sarkozy, nem os oponentes do Primeiro-ministro italiano, nem o próprio, que não pôde deixar o assunto sem resposta:
Ninguém pode autodenominar-se Comissário e falar em nome de Governos eleitos e dos povos da Europa. Ninguém está em posição dar lições aos seus parceiros. Por outro lado, toda a classe governante italiana, se quer ser tratada como tal, em vez de um coro de demagogos, deve-se juntar ao esforço do desenvolvimento e das reformas estruturais necessárias que o Governo tomou.

A Itália do trabalho e do empreendedorismo sabe como é que as coisas estão e quer a um impulso decisivo à liberdade e à concorrência e não participar em jogos de poder, domésticos e europeus.
O comunicado


Agora que a Merkel e o Sarkozy deixaram os risinhos de lado, com a subida dos juros da dívida italiana, Berlusconi já vai fora.

Ri-te mais Merkozy, ri-te!

sábado, 5 de novembro de 2011

Pepinos e regulamentos

Já que os membors da Comissão Europeia ganham um tal salário, é melhor vermos o que andaram a fazer...

Os pepinos europeus, idealmente, devem ser:
«Os pepinos devem ter atingido um desenvolvimento suficiente, mantendo as sementes tenras. »
«- ser bem formados e praticamente direitos (altura máxima do arco: 10 mm por 10 cm de comprimento do pepino), »
«Os pepinos ligeiramente recurvados podem ter uma altura máxima de arco de 20 mm por 10 cm de comprimento do pepino.»
«i) O peso mínimo dos pepinos cultivados ao ar livre é fixado em 180 gramas.
O peso mínimo dos pepinos cultivados sob abrigo é fixado em 250 gramas. »
«- um comprimento mínimo igual a 30 cm para aqueles que pesam pelo menos 500 gramas,
- um comprimento mínimo igual a 25 cm para aqueles que têm um peso compreendido entre 250 e 500 gramas. »

A Comissão, contudo, admitiu que os pepinos europeus não eram perfeitos, e abriu algumas excepções em nome da "inclusão e re-socialização vegetal", após queixas do Comissário europeu para a igualdade de oportunidade:
«- um ligeiro defeito de coloração, nomeadamente a coloração clara da parte do pepino que esteve em contacto com o solo durante o crescimento,»
»- defeitos de coloração que cubram até um terço da superfície; no caso dos pepinos cultivados sob abrigo não são admitidos defeitos importantes de coloração na parte considerada, »

A famosa directiva dos pepinos. Apenas uma de 36 directivas sobre o tamanho e características exteriores das frutas e vegetais.
P.S.: Havia planos para remover algumas dessas directivas, mas desconheço o resultado dessa iniciativa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Umas continhas

22 657 euros      »»»» Presidente Caixa Geral de Depósitos
6.897,94 euros   »»»» Presidente da República
894 euros           »»»» Salário médio nacional

O Barroso não está cá... está está!

24 422, 80 euros    »»»»   Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

E o referendo já era

O ponto de viragem parece ter sido a posição do líder da Nova Democracia Antonis Samaras, que disse que o acordo para salvar a Grécia era "inevitável" e teria de ser apoiado. Até então, Samaras e o seu partido sempre se opuseram a todos os anteriores acordos para tranches do resgate.

Num discurso ao Parlamento esta tarde, Papandreous disse que se tivesse de escolher entre um acordo político alargado e um referendo, escolheria o acordo.

Também disse que realizar eleições antecipadas seria uma "catástrofe" nas actuais circunstâncias da Grécia, e que pelo fim das eleições a Grécia seria "um país falido".
Euractiv

Bem, isto é que foi um plano curto! Primeiro há referendo sobre os termos do resgate [sic], depois o referendo seria antes sobre a participação no euro. Agora já nem referendo há.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Novidades frescas I

Rumor não confirmado indica que afinal o referendo que Papandreous disse que não seria sobre a presença da Grécia no euro vai ser precisamente sobre a presença da Grécia no euro.

Outro rumor não confirmado aponta como data do referendo dia 4 ou 5 de Dezembro.

Adenda: Rumores confirmam-se. Papandreous cedeu à pressão.

Já que se fala tanto de austeridade

Bem, uma vez que o senhor José Barroso acha que é necessário que
reforcem a supervisão e a coordenação económica. Para mostrar aos nossos parceiros e aos nossos cidadãos que estamos preparados para concluir a nossa união monetária com uma verdadeira união económica.

Pondo de parte o facto de os cidadãos não estarem muito ansiosos por uma união económica («A plurality or majority in every EU country, with the exception of Germany, were reluctant to give the EU more power over national budgets and finances.» - Transatlantic Survey), analisemos a questão da estabilidade, a importância da supervisão ao nível europeu...

...pelo décimo quinto ano consecutivo, o Tribunal [de Contas Europeu] não apresentou um relatório positivo sobre a legalidade das transacções subjacentes. Erro material foi encontrado em categorias que representam 53% da despesa total, incluindo Fundos de Coesão, que continuam associados com o maior nível de falhas do Orçamento da União, e o Desenvolvimento Rural. O valor das irregularidades, incluindo fraude, relatado pelos Estados-membros desceu 24% em 2008 enquanto o número de casos subiu 9%

...ainda que os controlos possam ser [mais] apertados e a administração melhorada, a maioria destes níveis de erro devem-se em parte à absoluta complexidade de administrar os programas em causa.
National Audit Office

E a mudança súbita...

A Grécia anunciou nesta terça-feira uma mudança de todas as chefias militares do Estado-maior, um dia depois do Governo grego ter anunciado um referendo que decidirá se a Grécia aceita ou não o compromisso que fez com a União Europeia
Público

Numa reunião extraordinária do Conselho Governamental de Assuntos Externos e de Defesa, o ministro da Defesa grego, Panos Beglitis, substituiu as cabeças das Forças Armadas por gente da confiança do partido.
Contudo, uma fonte ministerial revelou as medidas estarem já planeadas há muito.
Pergunta: se a mudança já estava planeada, por que é que se deliberou sobre ela numa reunião extraordinária?

Reacções ao referendo

Do referendo na Grécia já tínhamos dado aqui notícia. Mas há muitas reacções.

Há inclusive quem duvide que se realize, e há quem já tenha prometido tudo fazer para que não haja referendo (o Governo Holandês). Os líderes europeus (e isto inclui Paulo Portas) já vieram 'alertar' para a instabilidade (e ameaçar também).
Outras pessoas menos relevantes na cena europeia confiam no cumprimento por parte da Grécia.

· É basicamente outro esquema de chantagem da Grécia. Os Gregos, liderados pelo pai de Papandreous, executaram uma chantagem em 1985 quando retiveram o voto para a entrada da Espanha e de Portugal na Comunidade Económica Europeia. Acabaram por receber 30 mil milhões por um voto favorável.

· Há custos enormes para o projecto europeu associados com a saída da Grécia. A ideia de que algum país na UE está a contemplar realizar um referendo deixa os líderes da zona euro aterrorizados. Papandreous sabe isto e está a jogar uma carta agressiva quando nos aproximamos da cimeira dos G20 one os Americanos e os Chineses irão dominar mais a política europeia do que a Alemanha ou a França.

· Na minha opinião, Papandreous acabou de mostrar ao norte quem é que manda aqui - "É a nossa dívida, mas é o vosso problema" deveria ter sido o título do seu anúncio.
David Zervos
As razões pelas quais Papandreous convocou um referendo são estranhas até na Grécia. David Zervos, executivo sénior num grupo financeiro mundial, parece apostar nalguma espécie de chantagem política. Outros acham que Papandreous espera que o voto popular seja favorável e que não tem outro remédio senão referendar ou enfrentar um ano inteiro de greves. E há ainda quem ache que seja uma maneira de sair do cargo de Primeiro Ministro sem se demitir.
A posição de Papandreous, que não tinha sequer informado o seu ministro das Finanças, é a de que um referendo vai “reforçar o país na zona euro e no plano internacional”.
Outra confusão em relação ao referendo é se haverá questão sobre a permanência no euro.
Papandreous quis deixar claro que não. Os Governos espanhol e francês querem que se inclua uma pergunta dessas directamente.
É que os Gregos rejeitam a austeridade, mas o euro ainda goza de popularidade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Paulo Portas, absteve-se

Paulo Portas, o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, absteve-se na votação sobre a admissão da Palestina na UNESCO.

“A Alta Representante da União Europeia (UE) pediu a abstenção dos países europeus e Portugal foi sensível a esse pedido”, declarou Portas durante uma visita oficial à Venezuela.

“Como sempre defendemos que a UE devia falar a uma só voz, que se devia fazer um esforço de consenso para que a Europa votando de uma forma unida fosse mais influente, obviamente que Portugal foi sensível ao apelo da Alta Representante e portanto Portugal fez um voto europeu”
in Público

Dizem-nos que ganharíamos influência internacional por estarmos na União. A mim quer-me antes parecer que a perdemos - nem opinião devemos ter.

Segundo Paulo Portas, Portugal “nunca votaria contra” e “demarca-se claramente dos votos contrários” à admissão da Palestina na UNESCO, porque o Governo português “é favorável a uma solução de dois Estados e isso implica a simpatia pela ideia do Estado da Palestina”.
ainda, Público

Ora, se Portugal favorece a solução dos dois Estados, reconhece então a Palestina. Não há razão para Portugal se ter abstido.

Portugal anda a perder oportunidades. Há muitos benefícios em apoiar países, movimentos, projectos internacionais - no caso da Líbia, por exemplo, tivemos a oportunidade de firmar uma amizade, e isso só foi possível porque Portugal tomou uma decisão autónoma.

Jogo da Bolha


Jogo da Bolha - descrição fiel do Fundo de Estabilidade Financeira

A arquitectura do euro assemelha-se a um baralho de cartas. A zona euro está a ficar sem credores de último recurso; o balanço do BCE está esticado ao máximo; o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, o dito fundo de estabilização, é suportado por membros que não têm capacidade financeira para se juntar a qualquer resgate de economias mais fracas.

A menos que a camisa de forças da moeda única seja removida, os cidadãos da sua periferia irão enfrentar um sombrio e prolongado futuro de qualidade de vida estagnada.

Não é apenas o euro que precisa de ser repensado, mas toda a União Europeia. Num continente com uma tal variedade de nações, há uma necessidade de algumas instituições europeias, mas umas menos intrusivas. Contudo, é improvável que isto seja aceite em Bruxelas. Tudo o que nos será dito é que precisamos de "mais Europa".
Norman Lamont

Destaco este excerto do artigo:
O economista prémio Nobel Martin Feldstein defendeu que a criação de uma moeda única europeia, longe de encorajar paz e harmonia, aumentaria o conflito e a tensão entre os países. Até agora, vimos agitação na Grécia. Mas o pior ainda está por vir.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dívida com mais dívida

O jornal The Guardian diz tudo.

De facto, o novo reforço que se anunciou para o Fundo de Resgate, são só intenções. A menos que a União Europeia arranje alguma maneira de fazer um bilião (na nossa notação - um milhão de milhão) a partir de 440 mil milhões de euros. Chegou-se ao ponto de contrair dívidas para pagar dívidas.

O Banco Central da Alemanha alertou para os perigos. Os mercados, obviamente, já reagiram.
...

Aparentemente, a China não será o Salvador da zona Euro.

Referendo na Grécia

O Governo grego tenciona levar a referendo o novo programa de ajuda financeiro, cujos contornos foram delineados na cimeira europeia da passada quinta-feira. A revelação foi feita hoje pelo primeiro-ministro George Papandreou.
Jornal de Negócios

“A vontade do povo grego irá impor-se sobre nós”, declarou o chefe do Governo grego ao grupo parlamentar socialista, indicando também que vai pedir ao Parlamento um voto de confiança relativo ao acordo sobre a dívida.

Os gregos “querem adoptar o novo acordo ou será que o rejeitam? Se os gregos não quiserem, não será adoptado”, sublinhou o governante.

[...]

Na última quinta-feira, os dirigentes europeus chegaram a acordo com a banca para abater uma parte da dívida grega detida pelos bancos credores do país. Em causa está a renúncia a 50% das dívidas à banca privada, o que se traduz em 100 mil milhões de euros num total de endividamento público de 350 mil milhões.

Atenas receberá também novas ajudas internacionais de 100 mil milhões de euros até ao fim de 2014, no âmbito de um programa que substitui os 109 mil milhões que tinham sido acordados com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional em Julho passado.

Para já, prevê-se que 30 mil milhões destas ajudas serão reservados aos bancos gregos, que no âmbito do acordo para abatimento de 50% das dívidas serão muito atingidos, uma vez que os maiores donos de dívida soberana grega.

Em troca, o país terá de aceitar um verdadeiro reforço dos controlos sobre a política orçamental
Público

A opinião pública grega parece estar contra - 60%, indicam as últimas sondagens. Pessoalmente, suspeito que Papandreous queira usar a parte do perdão de 50% da dívida para legitimar toda a austeridade subsequente. Mas nem sempre os truques resultam - resta esperar para saber qual será o resultado.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Trichet quer União com papel autoritário

Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE (aquele sítio muito bonito para onde boa parte do dinheiro para pagar a dívida vai) defendeu que as instituições da zona euro “devem ter um papel mais importante e mais autoritário na formulação das políticas económicas” dos Estados prevaricadores, “substituindo-se aos próprios governos”.

http://economia.publico.pt/Noticia/trichet-defende-intervencao-directa-nos-paises-que-violem-regras-da-estabilidade-1518031

O Público diz tudo.

Resta saber que legitimidade têm as instituições da união, que em 2004 despediu uma auditora que descobriu um grande buraco nas contas comunitárias. E não foi a primeira.
Talvez devessem ser os Estados a ter um papel mais autoritário na fiscalização das finanças das instituições prevaricadoras.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

União Europeia

Fala-se de uma União Europeia. Fala-se de maior integração, Governo económico, Ministério das Finanças da União, mais disciplina, mais rigidez contra os Estados. Mais poder, sobretudo.
Referendos ignoram-se e atropelam-se. Evitam-se sempre que possível. Nada pode obstar ao grande projecto europeu. Nem os povos.

Algures pelo meio, há um problema. Merkel e Sarkozy encontram-se. Uma e outra vez.
Algures por aí, Merkel e Sarkozy discordam. No final, Sarkozy cede.

A União Europeia é da Alemanha.