segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A lógica dita que...

Segundo Stephen Collins, do Irish Times, dita que nós [a Irlanda] apoie o novo acordo europeu.

O artigo resume-se facilmente: diz-se que se a Irlanda não ficar no euro, que ficará dependente do Reino Unido («A única alternativa que teríamos a abandonar o euro seria tentar fixar a moeda irlandesa à libra. Seria o equivalente a uma candidatura à junção com o Reino Unido no 90º aniversário do tratado que levou ao establecimento deste Estado [Irlanda]»), que o euro serviu os interesses da Irlanda («Não só o euro nos serviu bem como estamos totalmente dependentes das instituições europeias e do IMF para financiamento»), etc. Tudo isto mentira, mas vou realçar outro ponto antes de passar à parte mais relevante desta mensagem:
Contudo, estar envolvido na Europa desde 1973 deu a este Estado a "liberdade para alcançar a liberdade" a que Michael Collins apirava em Dezembro de 1921. Indo em direcção a uma cada vez maior união fiscal irá aumentar, em vez de diminuir, a nossa liberdade em termos reais.
O assunto é a perda de soberania orçamental. E este colunista do Irish Times acha que a Irlanda e os Irlandeses terão mais liberdade. Enfim, há quem viva num mundo de duendes alemães.

Mas o mais interessante está nos comentários ao artigo:
mikehall
Não, se algo, é inteiramente ilógico. "Balanço Sectorial" Stephen, já ouviste falar disso? (...)

Se todos os Estados do euro tentam manter orçamentos superavitários, ou pelo menos orçamentos equilibrados, então a única maneira de os activos financeiros (dinheiro) do sector privado (cidadãos) poder aumentar é se todos nós, colectivamente, exportarmos em massa para fora da zona euro, recebendo dinheiro (euros) como pagamento. (...) O grosso do nosso comércio actualmente está na zona euro, então, colectivamente, teríamos de exportar para fora da zona euro por 10 ou 20 vezes. Alguém acha, remotamente, que isso vai acontecer, mesmo em circunstâncias "normais", esquecendo um longo período de recessão global? (...)

Por isso, o efeito deste "pacto" ridículo", seguidor da falha fundamental do erradamente denominado "Pacto de Estabilidade e Crescimento" do sistema euro que é co-responsável pela crise, será que os países enterrados em dívidas não terão a menor possibilidade de reduzir a dívida ou os juros. (...)

União monetária requer uma união fiscal funcional para funcionar. Isto significa que, de alguma maneira, tem de haver um mecanismo de transferência fiscal dos países mais fortes (não podemos todos ser altamente industrializados) para os países mais fracos. Até agora, o que nós fizemos foram transferências por via da dívida. Mas, como vemos, isso não pode continuar indefinidamente. Por esta razão, independentemente do comportamente arriscado dos bancos, a presente crise de balanço do euro estava condenada a acontecer. O acordo de ontem só torna uma crise no futuro ainda mais certa! Por favor, podemos ter algum comentário económico que obedeça às leis da matemática?

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