terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lembram-se do Fundo de Estabilidade?

Aquele que ia ser aumentado para um milhão de milhão mas sem haver dinheiro?

The European Bailout Explained
by: guardianoid


Falou-se inclusive de mendigar à China, que não se quis meter. Pediu-se o apoio do FMI, mas os Estados Unidos não quiseram lá meter dinheiro quando têm os seus próprios problemas.

Pois é, ainda não desistiram da ideia de aumentar o fundo:
Os ministros das Finanças da zona euro estão a reunir-se em Bruxelas para discutir formas de alargar o fundo de resgate da região, visto como a chave para impedir mais países de serem sugados para a crise da dívida.
BBC

Se algum daqueles 'tecnocratas' já tivesse a solução, será que teriam reclamado os 400 000€ de prémio oferecidos por um executivo de uma cadeia de retalho europeia?
Ah, é que o prémio vai para o melhor plano para deixar os países voltar às suas moedas.

domingo, 27 de novembro de 2011

O maior sucesso do euro é a Grécia

Pelo menos era o que o senhor Monti, na semana antes de ter sido indigitado, pensava:


Em primeiro lugar, devo dizer que estava enganado. É que se formos ler uns panfletos, olhar uns cartazes sobre o euro, da altura em que se deu a sua introdução, falava-se de estabilidade, crescimento, prosperidade (nenhuma delas parece ter acontecido), não de provar alguma coisa à Alemanha.

Não posso deixar de concordar com o Sr. Mario Monti num aspecto: não é um paradoxo. É um oxímoro. Suponho que o próprio Mario Monti, quando o disse, tivesse uma consciência -ainda que limitada- do disparate que estava prestes a dizer.

A minha pergunta, agora que o FMI até já tem plano para a Itália, é a seguinte:
Qual é o próximo exemplo de sucesso do euro?

Tecnocracia não é a solução e Berlusconi não era o problema

Os juros da dívida de Espanha e de Itália escalaram para novos máximos, estando as obrigações italianas a cinco e a dois anos já próximas dos 8%.
No dia em que Itália quase duplicou as taxas de juro pagas numa emissão de dívida da curto prazo, para 6,5% numa emissão a seis meses, os investidores voltaram a exigir juros recorde pelas transacções nos mercados de revenda de dívida.

Qual terá sido a causa? O Público explica:
Isto no dia em que se soube, através do Governo de Itália, que a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, lembraram ontem ao primeiro-ministro italiano, Mario Monti, que um eventual colapso de Itália na zona euro significaria o fim da moeda única.

A decepção sobre os resultados da minicimeira de quinta-feira entre os chefes de Governo da Alemanha, de França e de Itália, foi hoje reflectida no aumento do custo do financiamento tanto de Itália como de Espanha.

Depois de alguma imprensa ter vindo culpar Berlusconi pela subida dos juros, e do Merkozy ter publicamente duvidado de Berlusconi, parece que afinal, não era a descrença no ex-Primeiro Ministro Italiano que assustava os mercados. De tal modo, que Mario Monti não melhorou nada:
Os mercados parecem ter pouca ou nenhuma confiança no Primeiro-Ministro de Itália, o tecnocrata Mario Monti.
Gavin Hewitt, editor sobre a Europa na BBC

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Hipocrisia alemã

Quem tenha andado com atenção às notícias pôde verificar que a Alemanha não conseguiu vender toda a sua dívida, apesar de o juro para a Alemanha ter baixado. Isto é estranho.

Normalmente, quando um Estado vai vender a sua dívida, submete um dado número de obrigações a leilão. Há várias ofertas que são organizadas por ordem crescente desde a oferta com a taxa de juro mais baixa até todas as obrigações terem sido cobertas.
Na Terça-feira, a Alemanha não vendeu tudo. Numa situação usual, venderia tudo mas pagaria um juro médio mais alto por essa dívida. Mas Terca-feira, o juro foi o mais baixo de sempre num leilão a longo prazo. A Agência Financeira Alemã nega que haja "perda de apetite" pelas bunds.

Chamo a atenção para este pormenor: «O montante retido, cerca de 39% do volume planeado, será leiloado no mercado secundário.» Passo a explicar: esta Agência Governamental alemã, guarda uma porção das obrigações para vender depois no mercado secundário (onde a maior parte das instituições financeiras e investidores compram dívida).

A linha azul é aquilo que o Governo alemão reteve. A linha verde é a média daquilo que o Governo alemão costuma reter (leia-se, não vendeu no mercado primário). Como se poder ver pelo gráfico, o Governo alemão, ontem, reteu muito mais dívida (39%) do que é habitual e do que seria justificável para cumprir os seus objectivos (manter a disponibilidade da dívida alemã no mercado secundário).

William Mitchell, economista australiano explica:
O Governo alemão está a manipular as próprias regras - retirando muito mais para vender no mercado secundário do que aquilo que pode justificar por razões operacionais.

Fizeram isso para:
1. Manter as taxas de juro oficiais baixas.

2. Resgatar-se a ele próprio quando os mercados não estão dispostos a financiá-lo nos seus termos – ou como aconteceu ontem – nem sequer financiar.
William Mitchell

Nota sobre mercados primário e secundário:
Mercado primário é onde se realiza a compra de títulos de dívida directamente ao emissor. No caso alemão, há 33 instituições que podem comprar essas obrigações directamente nos leilões. Depois de comprarem títulos de dívida nos leilões, transaccionam-na nos mercados secundários, que é onde todos os demais investidores, sem restrições, podem comprar esses títulos.

Barroso quer retirar soberania a Portugal

O título do Diário Económico diz tudo.

Portugal vai ficar sob vigilância apertada da Comissão Europeia até meados da próxima década, altura em que se espera, em Bruxelas, que o país tenha pago até 75% do seu empréstimo. Trata-se de uma entre várias novas regras intrusivas de governação económica na zona euro, ontem propostas por Durão Barroso.

Mais concretamente:
"Um Estado-membro será posto em supervisão pós-programa até que um mínimo de 75% da assistência recebida (...) tenha sido devolvido", (...) No caso de Portugal e Irlanda, uma fonte comunitária avisava ontem que "estamos a falar de, no mínimo, mais uma década, ou talvez um pouco mais, até se chegar a esse limite".

Esta vigilância apertada implica uma perda ainda maior de soberania orçamental, com visitas surpresa dos técnicos europeus e relatórios semestrais de missões europeias (Comissão e BCE), sujeitando-se a medidas correctivas. Mas "sem uma governação mais forte será difícil, senão impossível, manter uma moeda única", avisou ontem o presidente da Comissão.

Todos os países serão alvo de um controlo maior no processo de construção orçamental. Bruxelas vai passar interferir não só no enquadramento macroeconómico dos orçamentos, através do relatório de crescimento anual, mas também fazer propostas de alteração antes e depois da sua adopção no Parlamento. Ou seja, poderá propor um orçamento rectificativo, que se não for seguido conduzirá a sanções.
Diário Económico

Se o Barroso queria ser Primeiro-ministro de Portugal, era escusado ter fugido para Bruxelas... é que ser Chanceler da Alemanha não é para todos:
"Eu considero extraordinariamente preocupante e inapropriado que a Comissão proponha hoje a criação de eurobonds"
Merkel

A imprensa extra-Europeia vê esta proposta como estúpida:
O problema é que um país está falido e estão mais no mesmo caminho. A resposta é multar os países que estão a caminho da falência? Recusar-lhes acesso a fundos?

Completo disparate, está claro. Pondo de lado a estupidez de multar um insolvente, estão ainda a objectificar o Estado. A multa viria dos fundos do Estado, mas é óbvio que o Governo não tem de facto fundos nenhuns - só tem aquilo que tirou dos bolsos das pessoas.
Forbes

A conclusão do cronista da Forbes resume tudo muito bem:
Não faz sentido nenhum, pois não? Mas este é o nível do discurso intelectual entre os nossos Mestres e Soberanos na UE de momento: pobres de nós.

domingo, 20 de novembro de 2011

O que é que o blogue diz da Alemanha?

Grande Alemanha.

Memorando alemão denota deslize secreto para um super-estado.
O memorando de seis páginas, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, defende que as grandes potências económicas europeias devem poder intervir na gestão dos países afectados da zona Euro.

O plano confidencial define o plano germânico para enfrentar a crise da dívida da zona euro criando uma "união de estabilidade" que será seguida imediatamente de movimentações "em direcção a uma união política".

O memorando revelado, O Futuro da UE: Melhoramentos necessários na política de integração para a Criação de uma União de Estabilidade, chega quando David Cameron se encontra com Angela Merkel, a chanceler alemã em Berlim, hoje, para discutir possíveis alterações dos tratados e a crise da zona euro.

A Alemanha, a Finlândia, a Áustria e os Países baixos seriam capazes de pedir aos Tribunais da União para impôr sanções, desde multas até à perda da soberania orçamental, para proteger o euro.

O memorando diz que o Fundo Monetário Europeu deve receber "verdadeiros direitos de intervenção" nos orçamentos dos membros da zona euro que receberam resgates da União Europeia-Fundo Monetário Internacional.
The Telegraph

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Quantas personalidades eleitas há no Governo Italiano?

Então? Quem adivinha?

A bem da Directiva

... acabe-se com o euro!
A composição das moedas de um ou dois euros viola a directiva comunitária sobre níveis máximos de níquel, alertava o movimento eurocéptico da Noruega. O correspondente da TSF, Hélder Fernandes, deu no final do ano passado, conta destas preocupações europeias.

As suspeitas foram lançadas por testes médicos realizados na Noruega, Áustria e Alemanha. Os eurocépticos noruegueses afirmavam que as novas moedas europeias contêm 25 por cento de níquel. Desta forma o metal pesado supera os níveis permitidos pela legislação comunitária.

De acordo com a directiva comunitária 94/27 de 30 de Junho de 1994, as moedas que contêm níquel não podem libertar mais do que meia milionésima de grama por centímetro quadrado por semana.

O pior, alertavam os eurocépticos, é que as novas moedas de um e dois euros poderão vir a libertar entre duas e oito vezes mais dos limites de níquel permitidos pela directiva comunitária.
TSF

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Não culpemos os Alemães

Culpemos os seus políticos:

(10min38)
A liderança política deve, num momento de crise, ignorar a opinião pública.
Há dez anos atrás, quando introduzimos o euro, havia uma grande maioria do povo alemão que estava contra a ideia do euro, e fizé-mo-lo como liderança política.
Peter Altmaier é primeiro-secretário (seja lá o que isso for) da CDU (Alemanha) na câmara baixa do Parlamento Federal, já foi membro do grupo de interesse Movimento Europeu - Alemanha e preside a União dos Federalistas Europeus(Alemanha).

Alemanha não quer ouro como colateral

Sinceramente, eu também não quero. Mas vemos ver o que é a Alemanha (leia-se, os políticos alemães) dizem:
"As reservas de ouro alemãs devem continuar intocáveis," Ministro da Economia alemão Philip Roessler
Até aqui, tudo bem. Também não gostaria nada que fossem mexer nas reservas de ouro portuguesas.
Um deputado alemão do partido da Merkel, o Partido Democrata Cristão, disse que enquanto ouro alemão para Roma estava fora de questão, ouro italiano podia ser utilizado.
"Se vendessem o seu ouro, libertariam o Governo da pressão sobre a sua dívida,", disse Gunther Krichbaum, presidente do comité dos Assuntos Europeus no Parlamento Federal Alemão.
EUobserver
Mas isto... No ouro alemão ninguém toca! E no italiano? Esteja à vontade, sirva-se!
Por estas e por outras é que o blogue se chama Gross Deustchland e não Gross Barroso.

Alguém lucrou

Estima-se que a Alemanha tenha lucrado 9 mil milhões de euros com a crise
"Interessantemente, é mais do que o recentemente anunciado alívio fiscal [alemão] de 8 mil milhões para 2013 e 2014. É como se os Gregos financiassem a pequena reforma alemã", acrescentou [Carsten Brzeski, economista sénior no Banco ING]
EUobserver

Mais um lóbi político

Mario Monti, membro do Grupo Spinelli, foi designado Chefe do Governo italiano. Esta é uma boa notícia para o compromisso da Itália para uma mais integrada, mais política e mais federal visão da Europa.
O Grupo Spinelli está satisfeito que um Europeu tão convicto como Mario Monti se tenha tornado Primeiro-Ministro italiano, numa altura em que o país está a enfrentar uma crise especialmente séria.
Do dito grupo
Este é um grupo de pressão política perfeitamente assumido, com artigos na imprensa, com membros mais ou menos influentes, e, pasme-se, organiza o que o próprio grupo chama de Shadow European Council. O seu objectivo é o Federalismo europeu, e não é o único grupo de pressão que faz campanha por esses objectivo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Frankfurt não acaba aqui

À porta fechada, reconhecem que os bancos franceses têm mais dívida italiana do que alguma vez tiveram dívida grega. Christian Noyer, governal do banco central francês, resumiu a opinião das elites francesas, declarando recentemente que as preocupações sobre a Itália se "dissipariam assim que o país tiver os meios políticos para implementar as suas reformas estruturais."

Oficiais franceses têm tentado influenciar tal resultado. Enquanto os juros da dívida italiana subiam na semana passada, o Presidente Nicolas Sarkozy e a Chanceler Angela Merkel da Alemanha instaram em privado o Presidente da Itália, Giorgio Napolitano, para escolher o tecnocrata Sr. Monti, disse um alto oficial do Governo Italiano sob anonimato.
New York Times

Grupo de Frankfurt

Recebi notícia disto ontem, pela imprensa estrangeira. Um tal Grupo de Frankfurt, também conhecido pelo nome francês de Groupe de Francfort é novo, e não têm recebido grande atenção da imprensa portuguesa.

Eis como as coisas funcionam. As verdadeiras decisões a nível europeu são agora tomadas pelo Grupo de Frankfurt, uma cabala não-eleita composta por oito pessoas: Lagarde; Merkel; Sarkozy; Mario Draghi, o novo presidente do BCE; José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia; Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo; Herman van Rompuy, presidente do Conselho Europeu; e Olli Rehn, comissário europeu para os assuntos económicos e monetários.

Este grupo, que não presta contas a ninguém, manda na Europa. A cabala decide se a Grécia deve ou não ser permitida realizar um referendo e se Atenas deve receber a próxima tranche do fundo de resgate. O que interessa para este grupo é o que os mercados financeiros pensam e não o que os eleitores possam pensar. Se os Governos tinham algum poder, foi-lhes retirado e colocado nas mãos da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI.
The Guardian

Que coisa é esta, estarão os leitores a perguntar? Alguma espécie de teoria da conspiração?
Longe disso:
O Grupo de Frankfurt, ou GdF, é a última adição à proliferação de grupos políticos internacionais. Constituído pelos líderes da Alemanha, da França, do Eurogrupo, do BCE, da Comissão Europeia e do FMI. (...) Não tem estrutura legal ou secretariado, mas é agora o núcleo do núcleo da Europa.
The Economist

Os mais críticos apelidam o GdF de ‘politburo’ dada a sua ausência de legitimidade democrática. Atribuem-lhe a decapitação de George Papandreu e a punhalada a Silvio Berlusconi.
Incrível, é que este politburo possa ter defensores:
Os defensores atribuem ao grupo o estatuto de antídoto necessário para acabar com a crise do euro.
El Mundo, via presseurop

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Governo europeu?

Numa intervista com o jornal Le Monde, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, apelou à realização de eleições a nível europeu para eleger o Presidente da Comissão Europeia, que seria o líder de um "Governo Europeu".
The Telegraph

Merkel quer "união política"

Como segundo passo, Merkel e Schäuble querem que a UE se mova para uma união política. Isto implica transferir mais poderes soberanos para a UE - e significaria modificar a Constituição alemã. Isto poderia ser feito através do artigo 23, que requer uma maioria de dois terços no Parlamento federal alemão, o Bundestag, e no Bundesrat, a câmara alta que representa os estados. Uma alternativa mais arriscada seria mudar or artigo 146 da Constituição por via da participação directa da população. Neste cenário, os alemães largariam a sua Lei Fundamental e adoptariam uma Constituição completamente nova.
Der Spiegel

Adenda: os meus contactos na Alemanha comunicam-me que a opinião pública não é muito favorável à perspectiva de "mais poderes para a União". E que é improvável que conseguisse sequer o apoio parlamentar suficiente.

domingo, 13 de novembro de 2011

O falhanço do euro

O que é que sucederia se amanhã, subitamente, os portugueses tivessesm de pagar 120 escudos pela bica matinal, ao invés dos já tradicionais 60 cêntimos? E se, ao almoço, fossem obrigados a desembolsar 1100 escudos em vez dos 5,5€ da ordem? E se à tarde, desavisados, comprassem uma acção do BCP por 22 escudos, em vez dos magros 11 cêntimos do costume? Bom, sucederiam de imediato três coisas: iriam apressar-se a comprar uma máquina calculadora, que numa loja chinesa obteriam por uns meros 1000 escudos, outrar 5 euros - principalmente se alocados nos segmentos mais jovens da população; constatariam que a pressão inflacionista introduzida pela introdução do euro foi afinal uma realidade bem mais alargada que a propagandeada há dez anos por quase todos os economistas; e que as suas vidas estavam a mudar radicalmente, no sentido de um universo desconhecido que voltava a balizar as suas existências financeiras.
Mas, pior que tudo isto, seria a constatação que, mais uma vez, falhámos. Falhámos enquanto sociedade, enquanto modernidade, possivelmente enquanto membro de direito de um clube de países ricos - que afinal, tantos aos depois, constataríamos, de uma forma bruta mas anunciada, não sermos. O sociólogo António Pinto Costa não tem dúvidas sobre esta matéria: "Se Portugal sair do euro, os portugueses assimilarão, sem sombra de dúvida, o falhanço".
Diário Económico, 11-11-2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Dos benefícios de estar na UE



Um ano volvido, esta situação continua especialmente actual.

Deustchland Über Alles

«Lamento que Berlusconi tenha saído não pela via das urnas ou pelo Parlamento, mas por força da super-estrutura que nos governa»
Frei Fernando Ventura, na RTP Informação.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Duplicidades

Lembram-se dos aumentos àquele fundo que iria salvar a zona euro (bem, não ia salvar nada, mas era isso que os líderes europeus diziam).


Pois bem, isso foi o que se disse recentemente. Anteriormente, o Ministro das Finanças Alemão, Wolfgang Schauble, disse que seria uma ideia estúpida por que ia "ameaçar a soberania dos ratings AAA dos Estados membros". E não foi um comentário de café, foi uma réplica à Casa Branca.

E depois vão mendigar dinheiro à China.

Ri-te, ri-te

No ínicio, os italianos não ficaram satisfeitos com o sorriso da Merkel e do Sarkozy, nem os oponentes do Primeiro-ministro italiano, nem o próprio, que não pôde deixar o assunto sem resposta:
Ninguém pode autodenominar-se Comissário e falar em nome de Governos eleitos e dos povos da Europa. Ninguém está em posição dar lições aos seus parceiros. Por outro lado, toda a classe governante italiana, se quer ser tratada como tal, em vez de um coro de demagogos, deve-se juntar ao esforço do desenvolvimento e das reformas estruturais necessárias que o Governo tomou.

A Itália do trabalho e do empreendedorismo sabe como é que as coisas estão e quer a um impulso decisivo à liberdade e à concorrência e não participar em jogos de poder, domésticos e europeus.
O comunicado


Agora que a Merkel e o Sarkozy deixaram os risinhos de lado, com a subida dos juros da dívida italiana, Berlusconi já vai fora.

Ri-te mais Merkozy, ri-te!

sábado, 5 de novembro de 2011

Pepinos e regulamentos

Já que os membors da Comissão Europeia ganham um tal salário, é melhor vermos o que andaram a fazer...

Os pepinos europeus, idealmente, devem ser:
«Os pepinos devem ter atingido um desenvolvimento suficiente, mantendo as sementes tenras. »
«- ser bem formados e praticamente direitos (altura máxima do arco: 10 mm por 10 cm de comprimento do pepino), »
«Os pepinos ligeiramente recurvados podem ter uma altura máxima de arco de 20 mm por 10 cm de comprimento do pepino.»
«i) O peso mínimo dos pepinos cultivados ao ar livre é fixado em 180 gramas.
O peso mínimo dos pepinos cultivados sob abrigo é fixado em 250 gramas. »
«- um comprimento mínimo igual a 30 cm para aqueles que pesam pelo menos 500 gramas,
- um comprimento mínimo igual a 25 cm para aqueles que têm um peso compreendido entre 250 e 500 gramas. »

A Comissão, contudo, admitiu que os pepinos europeus não eram perfeitos, e abriu algumas excepções em nome da "inclusão e re-socialização vegetal", após queixas do Comissário europeu para a igualdade de oportunidade:
«- um ligeiro defeito de coloração, nomeadamente a coloração clara da parte do pepino que esteve em contacto com o solo durante o crescimento,»
»- defeitos de coloração que cubram até um terço da superfície; no caso dos pepinos cultivados sob abrigo não são admitidos defeitos importantes de coloração na parte considerada, »

A famosa directiva dos pepinos. Apenas uma de 36 directivas sobre o tamanho e características exteriores das frutas e vegetais.
P.S.: Havia planos para remover algumas dessas directivas, mas desconheço o resultado dessa iniciativa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Umas continhas

22 657 euros      »»»» Presidente Caixa Geral de Depósitos
6.897,94 euros   »»»» Presidente da República
894 euros           »»»» Salário médio nacional

O Barroso não está cá... está está!

24 422, 80 euros    »»»»   Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

E o referendo já era

O ponto de viragem parece ter sido a posição do líder da Nova Democracia Antonis Samaras, que disse que o acordo para salvar a Grécia era "inevitável" e teria de ser apoiado. Até então, Samaras e o seu partido sempre se opuseram a todos os anteriores acordos para tranches do resgate.

Num discurso ao Parlamento esta tarde, Papandreous disse que se tivesse de escolher entre um acordo político alargado e um referendo, escolheria o acordo.

Também disse que realizar eleições antecipadas seria uma "catástrofe" nas actuais circunstâncias da Grécia, e que pelo fim das eleições a Grécia seria "um país falido".
Euractiv

Bem, isto é que foi um plano curto! Primeiro há referendo sobre os termos do resgate [sic], depois o referendo seria antes sobre a participação no euro. Agora já nem referendo há.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Novidades frescas I

Rumor não confirmado indica que afinal o referendo que Papandreous disse que não seria sobre a presença da Grécia no euro vai ser precisamente sobre a presença da Grécia no euro.

Outro rumor não confirmado aponta como data do referendo dia 4 ou 5 de Dezembro.

Adenda: Rumores confirmam-se. Papandreous cedeu à pressão.

Já que se fala tanto de austeridade

Bem, uma vez que o senhor José Barroso acha que é necessário que
reforcem a supervisão e a coordenação económica. Para mostrar aos nossos parceiros e aos nossos cidadãos que estamos preparados para concluir a nossa união monetária com uma verdadeira união económica.

Pondo de parte o facto de os cidadãos não estarem muito ansiosos por uma união económica («A plurality or majority in every EU country, with the exception of Germany, were reluctant to give the EU more power over national budgets and finances.» - Transatlantic Survey), analisemos a questão da estabilidade, a importância da supervisão ao nível europeu...

...pelo décimo quinto ano consecutivo, o Tribunal [de Contas Europeu] não apresentou um relatório positivo sobre a legalidade das transacções subjacentes. Erro material foi encontrado em categorias que representam 53% da despesa total, incluindo Fundos de Coesão, que continuam associados com o maior nível de falhas do Orçamento da União, e o Desenvolvimento Rural. O valor das irregularidades, incluindo fraude, relatado pelos Estados-membros desceu 24% em 2008 enquanto o número de casos subiu 9%

...ainda que os controlos possam ser [mais] apertados e a administração melhorada, a maioria destes níveis de erro devem-se em parte à absoluta complexidade de administrar os programas em causa.
National Audit Office

E a mudança súbita...

A Grécia anunciou nesta terça-feira uma mudança de todas as chefias militares do Estado-maior, um dia depois do Governo grego ter anunciado um referendo que decidirá se a Grécia aceita ou não o compromisso que fez com a União Europeia
Público

Numa reunião extraordinária do Conselho Governamental de Assuntos Externos e de Defesa, o ministro da Defesa grego, Panos Beglitis, substituiu as cabeças das Forças Armadas por gente da confiança do partido.
Contudo, uma fonte ministerial revelou as medidas estarem já planeadas há muito.
Pergunta: se a mudança já estava planeada, por que é que se deliberou sobre ela numa reunião extraordinária?

Reacções ao referendo

Do referendo na Grécia já tínhamos dado aqui notícia. Mas há muitas reacções.

Há inclusive quem duvide que se realize, e há quem já tenha prometido tudo fazer para que não haja referendo (o Governo Holandês). Os líderes europeus (e isto inclui Paulo Portas) já vieram 'alertar' para a instabilidade (e ameaçar também).
Outras pessoas menos relevantes na cena europeia confiam no cumprimento por parte da Grécia.

· É basicamente outro esquema de chantagem da Grécia. Os Gregos, liderados pelo pai de Papandreous, executaram uma chantagem em 1985 quando retiveram o voto para a entrada da Espanha e de Portugal na Comunidade Económica Europeia. Acabaram por receber 30 mil milhões por um voto favorável.

· Há custos enormes para o projecto europeu associados com a saída da Grécia. A ideia de que algum país na UE está a contemplar realizar um referendo deixa os líderes da zona euro aterrorizados. Papandreous sabe isto e está a jogar uma carta agressiva quando nos aproximamos da cimeira dos G20 one os Americanos e os Chineses irão dominar mais a política europeia do que a Alemanha ou a França.

· Na minha opinião, Papandreous acabou de mostrar ao norte quem é que manda aqui - "É a nossa dívida, mas é o vosso problema" deveria ter sido o título do seu anúncio.
David Zervos
As razões pelas quais Papandreous convocou um referendo são estranhas até na Grécia. David Zervos, executivo sénior num grupo financeiro mundial, parece apostar nalguma espécie de chantagem política. Outros acham que Papandreous espera que o voto popular seja favorável e que não tem outro remédio senão referendar ou enfrentar um ano inteiro de greves. E há ainda quem ache que seja uma maneira de sair do cargo de Primeiro Ministro sem se demitir.
A posição de Papandreous, que não tinha sequer informado o seu ministro das Finanças, é a de que um referendo vai “reforçar o país na zona euro e no plano internacional”.
Outra confusão em relação ao referendo é se haverá questão sobre a permanência no euro.
Papandreous quis deixar claro que não. Os Governos espanhol e francês querem que se inclua uma pergunta dessas directamente.
É que os Gregos rejeitam a austeridade, mas o euro ainda goza de popularidade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Paulo Portas, absteve-se

Paulo Portas, o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, absteve-se na votação sobre a admissão da Palestina na UNESCO.

“A Alta Representante da União Europeia (UE) pediu a abstenção dos países europeus e Portugal foi sensível a esse pedido”, declarou Portas durante uma visita oficial à Venezuela.

“Como sempre defendemos que a UE devia falar a uma só voz, que se devia fazer um esforço de consenso para que a Europa votando de uma forma unida fosse mais influente, obviamente que Portugal foi sensível ao apelo da Alta Representante e portanto Portugal fez um voto europeu”
in Público

Dizem-nos que ganharíamos influência internacional por estarmos na União. A mim quer-me antes parecer que a perdemos - nem opinião devemos ter.

Segundo Paulo Portas, Portugal “nunca votaria contra” e “demarca-se claramente dos votos contrários” à admissão da Palestina na UNESCO, porque o Governo português “é favorável a uma solução de dois Estados e isso implica a simpatia pela ideia do Estado da Palestina”.
ainda, Público

Ora, se Portugal favorece a solução dos dois Estados, reconhece então a Palestina. Não há razão para Portugal se ter abstido.

Portugal anda a perder oportunidades. Há muitos benefícios em apoiar países, movimentos, projectos internacionais - no caso da Líbia, por exemplo, tivemos a oportunidade de firmar uma amizade, e isso só foi possível porque Portugal tomou uma decisão autónoma.

Jogo da Bolha


Jogo da Bolha - descrição fiel do Fundo de Estabilidade Financeira

A arquitectura do euro assemelha-se a um baralho de cartas. A zona euro está a ficar sem credores de último recurso; o balanço do BCE está esticado ao máximo; o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, o dito fundo de estabilização, é suportado por membros que não têm capacidade financeira para se juntar a qualquer resgate de economias mais fracas.

A menos que a camisa de forças da moeda única seja removida, os cidadãos da sua periferia irão enfrentar um sombrio e prolongado futuro de qualidade de vida estagnada.

Não é apenas o euro que precisa de ser repensado, mas toda a União Europeia. Num continente com uma tal variedade de nações, há uma necessidade de algumas instituições europeias, mas umas menos intrusivas. Contudo, é improvável que isto seja aceite em Bruxelas. Tudo o que nos será dito é que precisamos de "mais Europa".
Norman Lamont

Destaco este excerto do artigo:
O economista prémio Nobel Martin Feldstein defendeu que a criação de uma moeda única europeia, longe de encorajar paz e harmonia, aumentaria o conflito e a tensão entre os países. Até agora, vimos agitação na Grécia. Mas o pior ainda está por vir.