sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Merkel anda às compras nos saldos


O Governo alemão veio ajudar a E-On, o maior fornecedor de electricidade do paísa assegurar uma posição na Energias de Portugal, que o Governo em Lisboa está a leiloar como parte das reformas provocadas pela crise da dívida.

Angela Merkel, chanceler alemã, procurou realçar os benefícios da oferta da E-On pela participação de 21% de Lisboa na EDP numa conversa recente com Passos Coelho, o Primeiro Ministro português
Financial Times
Quem diria...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

De um lado insultos, de outro reconciliação?

um fraco
Cohen-Bendit
Se não estás pronto para cumprir as regras é melhor ficares com a boca calada
Elmar Brok
Depois de muito atacado no Parlamento Europeu, acusado de ser "um fraco", de ser "pouco construtivo", que deixá-lo entrar na UE foi "um erro", que "se não vai à mesa para negociar vai lá para ser comido", etc, eis que chega Angela Merkel!
Também acredito que é um parceiro important na União Europeia... A Grã-Bretanha tem o seu próprio interesse vital que a zona Euro ultrapasse a sua crise financeira
Merkel
Oh, quem diria! Angela Merkel preocupada com a saída do Reino Unido! Nada de pescas no Mar do Norte? Nada de petróleo? Nada de ter a sua companhia eléctrica a operar lá (a E-On, concorrente à privatização da EDP)? Se calhar o défice comercial do Reino Unido com a União Europeia? Ou apenas o receio de ter de pagar mais com a saída do segundo maior contribuidor?

P.S.: Noto a correspondência enviada de Malta à BBC: «concorda e congratula o Sr Cameron por "fazer aquilo que está certp para todos os povos europeus, não como o fantonche do nosso Primeiro-Ministro de Malta. A Grã-Bretanha não precisa da Europa tal como não precisou durante séculos.»

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quem parte, reparte e não fica com a melhor parte

... culpa os outros.

O Reino Unido, em troca do seu acordo, pediu por um protocolo específico nos serviços financeiros que, como apresentado, era um risco para a integridade do Mercado Interno. Isto tornou o compromisso impossível.
Durão Barroso

Estas foram as exigências inaceitáveis
Basicamente, assegurar o processo de decisão por unanimidade no Conselho em vários aspectos, e como a proposta de protocolo faz questão em referir, em nada belisca o euro ou a estabilidade da moeda única.
A única ameaça para a estabilidade da moeda única estava no próprio acordo, como já se viu várias vezes neste blogue.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A lógica dita que...

Segundo Stephen Collins, do Irish Times, dita que nós [a Irlanda] apoie o novo acordo europeu.

O artigo resume-se facilmente: diz-se que se a Irlanda não ficar no euro, que ficará dependente do Reino Unido («A única alternativa que teríamos a abandonar o euro seria tentar fixar a moeda irlandesa à libra. Seria o equivalente a uma candidatura à junção com o Reino Unido no 90º aniversário do tratado que levou ao establecimento deste Estado [Irlanda]»), que o euro serviu os interesses da Irlanda («Não só o euro nos serviu bem como estamos totalmente dependentes das instituições europeias e do IMF para financiamento»), etc. Tudo isto mentira, mas vou realçar outro ponto antes de passar à parte mais relevante desta mensagem:
Contudo, estar envolvido na Europa desde 1973 deu a este Estado a "liberdade para alcançar a liberdade" a que Michael Collins apirava em Dezembro de 1921. Indo em direcção a uma cada vez maior união fiscal irá aumentar, em vez de diminuir, a nossa liberdade em termos reais.
O assunto é a perda de soberania orçamental. E este colunista do Irish Times acha que a Irlanda e os Irlandeses terão mais liberdade. Enfim, há quem viva num mundo de duendes alemães.

Mas o mais interessante está nos comentários ao artigo:
mikehall
Não, se algo, é inteiramente ilógico. "Balanço Sectorial" Stephen, já ouviste falar disso? (...)

Se todos os Estados do euro tentam manter orçamentos superavitários, ou pelo menos orçamentos equilibrados, então a única maneira de os activos financeiros (dinheiro) do sector privado (cidadãos) poder aumentar é se todos nós, colectivamente, exportarmos em massa para fora da zona euro, recebendo dinheiro (euros) como pagamento. (...) O grosso do nosso comércio actualmente está na zona euro, então, colectivamente, teríamos de exportar para fora da zona euro por 10 ou 20 vezes. Alguém acha, remotamente, que isso vai acontecer, mesmo em circunstâncias "normais", esquecendo um longo período de recessão global? (...)

Por isso, o efeito deste "pacto" ridículo", seguidor da falha fundamental do erradamente denominado "Pacto de Estabilidade e Crescimento" do sistema euro que é co-responsável pela crise, será que os países enterrados em dívidas não terão a menor possibilidade de reduzir a dívida ou os juros. (...)

União monetária requer uma união fiscal funcional para funcionar. Isto significa que, de alguma maneira, tem de haver um mecanismo de transferência fiscal dos países mais fortes (não podemos todos ser altamente industrializados) para os países mais fracos. Até agora, o que nós fizemos foram transferências por via da dívida. Mas, como vemos, isso não pode continuar indefinidamente. Por esta razão, independentemente do comportamente arriscado dos bancos, a presente crise de balanço do euro estava condenada a acontecer. O acordo de ontem só torna uma crise no futuro ainda mais certa! Por favor, podemos ter algum comentário económico que obedeça às leis da matemática?

Em relação à Cimeira... encontro... seja lá o que for

Uma entrevista na BBC Radio 4 apresenta uma perspectiva britânica, na minha opinião, de uma lucidez que tem faltado à Europa. Terry Smith é o entrevistado, CEO na City (centro financeiro de Londres).

JUSTIN WEBB: Assuma por um segundo que eles realmente se entendem, que fazem aquilo que têm estado a dizer que fazem nas últimas horas, há um argumento, não é verdade, que isto é só o remédio errado, se estão a fazer as coisas erradas.
TERRY SMITH: É verdade. Eu penso que é. Quer dizer, porque o que vai sair se resume a controlo central e mais austeridade para aqueles países. Eu não acho que se possa curar a sua posição com mais austeridade. A Grécia não pode tornar-se mais competitiva, nas suas maiores indústrias como o turismo e a agricultura, enquanto está numa moeda fortalecida pela presença da Alemanha. Nem a Itália, certamente o sul da Itália, Espanha, Portugal, Irlanda e França. Na minha perspectiva, uma moeda única para todos estes países é equivocada.

O meu destaque:
TERRY SMITH: O que é que eu concluo? Não estou certo de que isto deixe o Reino Unido isolado, ainda somos membros da Comunidade Europeia. Mas se nós estamos isolados, podemos bem estar isolados como alguém que se recusou entrar no Titanic antes de este partir

Duas ou três coisas

Duas ou três coisas é o blogue do embaixador português na França. Aproveito aqui para destacar um excerto da sua última mensagem no dito blogue:

Sei do que falo, porque, durante mais de meia década, passei longas horas na Assembleia da República a apresentar a política europeia que era encarregado de defender, sendo regularmente confrontado, no jogo democrático interno, com posturas críticas do modo como então a dirigíamos.
duas ou três coisas

«A política europeia que era encarregado de defender.» Eu cuidei que o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que os nossos embaixadores e cônsules estavam espalhados em vários pontos em redor do globo para proteger os nossos interesses, não para vir a Portugal apoiar o projecto europeu e, nas embaixadas, possivelmente, negociar com uma orientação pró-União Europeia.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Der Spiegel e a posição britânica

Não é, afinal de contas, verdade que os Britânicos têm sido a mosca na sopa Europeia há já algum tempo?
Der Spiegel
A mosca na sopa... Que rica mosca que contribuiu com 57 mil milhões de euros líquidos para o actual orçamento comunitário.

Quiseram estar sempre lá, ter uma palavra a dizer e manejar a sua influência. Mas quando foi a altura de realmente mergulhar na Europa juntando-se ao Euro a resposta foi: "Nada de euro por favor, somos Britânicos!"
Der Spiegel
Queriam ter uma palavra a dizer? Malvados!! Manejar a sua influência? Quanta perfídia! Recusaram juntar-se ao euro? Que ultraje! Quem diria que há países que querem ter uma palavra a dizer, alguma influência nas decisões que o vão afectar.

De facto, é revelador que o país nunca tenha entrado na zona de viagem livre sem fronteiras conhecida como Espaço Schengen -- O Reino Unido ainda inspecciona toda a gente que entra no país vindo do outro lado do Canal
Der Spiegel
Revelador, sem dúvida. De bom senso.

A classe política foi também muito céptica em relação à moeda única desde o seu início.
Der Spiegel
Viu-se, e vê-se, quem tinha razão.

A zona euro de 17 Estados membros não será mais forçada a acomodar um país que rejeita tudo o que lhe cheire como supra-nacionalismo.
Der Spiegel
Nem sei o que diga a isto... Primeiro fala-se nas "teorias da conspiração sobre a construção de super-estados", depois admitem a construção de supra-nacionalismo na União Europeia e indignam-se por haver quem não queira associar-se.

A Europa pode funcionar muito bem sem os Britânicos
Der Spiegel
E os Britânicos podem funcionar muito bem sem a União Europeia. Tanto melhor para eles!

Cada vez mais países se encontrarão a pedir mais orientação da Alemanha em vez de menos.
Der Spiegel
Alguém na edição do Der Spiegel andou a beber demasiada cerveja... Será que não estão a olhar para o que se passa na Europa e para o qual os políticos alemães contribuíram?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tecnocracia? Só se for de tachos!

Mais uma adivinha: quem consegue adivinhar quantos ministros e vice-ministros tem o Governo de Papademos?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Andam assustados

Andam mesmo assustados.

Barroso quer que se garanta a "irreversibilidade do euro".
Lanço um apelo aos chefes de Estado e de Governo: devemos fazer tudo para garantir a irreversibilidade do euro
Barroso

Não sei porque é que o Sarkozy se preocupa. Não é o tacho dele que está em risco (ou será que já estará a cozinhar alguma posição para a reforma?)
Nunca tantos países quiseram juntar-se à Europa. Nunca o risco de uma desintegração da Europa foi tão grande. A Europa está a enfrentar uma situação extraordinariamente perigosa.
Sarkozy

A Merkel foi só hipócrita.
Ela [Merkel] disse que todos os 27 Estados membros da União Europeia têm um dever para com a Europa, e têm de trabalhar juntos para ultrapassar a crise da zona euro.
Egos e interesses nacionais têm de ser postos de lado, acrescentou
Merkel

A razão de tanto estardalhaço não foi, ao contrário do que os últimos meses puderam fazer crer, o facto de o Sol ter nascido. Foi uma reunião de líderes do Partido Popular Europeu, um partido pró-União Europeia no Parlamento Europeu, mas agora já nem tanto nos Parlamentos nacionais

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Custo-benefício

Custo da regulação comunitária: 600 mil milhões
Benefício do Mercado Único: 120 mil milhões

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Até a ministra do Trabalho chora

Mario Monti, considerou que o país corria o risco de viver uma crise económica semelhante à da Grécia se não decidisse tomar estas medidas de austeridade.
Público

Creio que a sua Ministra do Trabalho deixou claro que discorda, ao apresentar o programa de austeridade de 20 mil milhões de euros:

Entretanto, na terra dos loucos

A Alemanha e a França querem concluir até Março “um novo tratado” entre os 27 Estados da União Europeia (UE) ou, se não for possível, entre os 17 membros do euro
Começa bem, não é?
Implementa sanções imediatas aos países que passarem dos 3% de défice, mais controlo sobre os orçamentos, etc. Já aqui vimos tudo isso.
O novo tratado deverá prever “sanções imediatas em caso de não respeito da regra do défice [orçamental] inferior a 3%” do PIB, afirmou o presidente francês na conferência de imprensa final ao lado da chanceler.

“O nosso objectivo é que, em Março, a totalidade do acordo tenha sido negociada e concluída entre os 17 membros da zona euro porque temos de avançar depressa”, prosseguiu, esclaracendo que as ratificações terão lugar depois das eleições presidenciais e legislativas em França, em Abril.
Público
Atenção que se diz que se não for possível, deve-se avançar para um acordo a 17. Itso porque no Reino Unido (e quiçá noutros países) o Governo está a ser muito pressionado para rever a sua posição na União Europeia.

Mas fica melhor:
O que não vem na imprensa em linha, é como é que se quer fazer isso: via um artigo nos Tratados que lhes permite fazer mudanças sem levar a coisa aos Parlamentos nacionais.

Pois, é assim que a democracia funciona na União Europeia...