Normalmente, quando um Estado vai vender a sua dívida, submete um dado número de obrigações a leilão. Há várias ofertas que são organizadas por ordem crescente desde a oferta com a taxa de juro mais baixa até todas as obrigações terem sido cobertas.
Na Terça-feira, a Alemanha não vendeu tudo. Numa situação usual, venderia tudo mas pagaria um juro médio mais alto por essa dívida. Mas Terca-feira, o juro foi o mais baixo de sempre num leilão a longo prazo. A Agência Financeira Alemã nega que haja "perda de apetite" pelas bunds.
Chamo a atenção para este pormenor: «O montante retido, cerca de 39% do volume planeado, será leiloado no mercado secundário.» Passo a explicar: esta Agência Governamental alemã, guarda uma porção das obrigações para vender depois no mercado secundário (onde a maior parte das instituições financeiras e investidores compram dívida).
A linha azul é aquilo que o Governo alemão reteve. A linha verde é a média daquilo que o Governo alemão costuma reter (leia-se, não vendeu no mercado primário). Como se poder ver pelo gráfico, o Governo alemão, ontem, reteu muito mais dívida (39%) do que é habitual e do que seria justificável para cumprir os seus objectivos (manter a disponibilidade da dívida alemã no mercado secundário).
William Mitchell, economista australiano explica:
O Governo alemão está a manipular as próprias regras - retirando muito mais para vender no mercado secundário do que aquilo que pode justificar por razões operacionais.
Fizeram isso para:
1. Manter as taxas de juro oficiais baixas.
2. Resgatar-se a ele próprio quando os mercados não estão dispostos a financiá-lo nos seus termos – ou como aconteceu ontem – nem sequer financiar.
William Mitchell
Nota sobre mercados primário e secundário:
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